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Perícia da PF confirma que houve execução sumária na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’arco

A chacina ocorreu em 24 de maio. Nove trabalhadores foram baleados no peito e a trabalhadora Jane de Oliveira foi atingida na cabeça.A arma que matou cinco deles ainda não foi apresentada à polícia

Publicado: 29 Agosto, 2017 - 10h56

Escrito por: Fátima Gonçalves

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         Era por volta das sete horas da manhã do último dia 24 de maio quando 29 policiais, entre civis e militares, entraram na fazenda Santa Lúcia, na zona rural do município de Pau D’arco, no Sudeste do Pará, oficialmente para cumprir 14 mandados de prisão, mas que redundou na morte de dez pessoas. Não houve confronto e sim execução, sendo que quatro trabalhadores foram imediatamente atingidos, enquanto os demais foram rendidos e assassinados. Nove homens foram baleados no peito e a única mulher, Jane de Oliveira, foi atingida na cabeça à queima roupa.

        Esta foi a conclusão da perícia da Polícia Federal divulgada nesta segunda-feira (28), em Belém. Ainda de acordo com a perícia, a operação teria sido planejada. Comandados pelo delegado de Conflitos Agrários Valdivino Miranda, os policiais foram divididos em grupo, sendo que um seguiu a pé e o outro em carros. Ao perceberem a chegada dos policiais, os trabalhadores fugiram para o interior da fazenda e se abrigaram embaixo de uma lona para se proteger da chuva, quando os policiais já chegaram atirando.

        Não há indícios de que os rurais tenham atirado, até porque não há marcas de bala nos coletes dos policiais. Cápsulas das armas dos rurais foram encontradas no local da chacina, mas testemunhas garantem que foram usadas pelos próprios policiais contra as vítimas. Outro dado importante revelado pela perícia é que cinco pessoas foram atingidas por uma arma que ainda não foi entregue à polícia.

       A princípio, os policiais teriam ido ao local cumprir mandados de prisão contra 14 suspeitos de envolvimento na morte de um segurança da fazenda Santa Lúcia.  Em julho, a Justiça determinou a prisão de 13 policiais, mas eles foram liberados no dia 10 de agosto pelo juiz Jun Kubota, de Redenção, que decidiu não prorrogar as prisões provisórias. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Pará, os policiais envolvidos na operação permanecem afastados do trabalho.